29 de jun. de 2010

CAETANO VELOSO E O CINEMA
por renato reder



Caetano Veloso é um tremendo conhecedor de cinema. Fala com propriedade do Cinema Novo, Cacá Diegues, Glauber Rocha, Paulo Cesar Sarraceni, Godard, fala de Jabour, Godard até por fim chegar a Almodóvar. Sua relação com o Cinema não existe apenas como cinéfilo. Caetano tem participações em filmes nas mais diversas áreas. Atuou, dirigiu, e principalmente compôs trilhas. Caetano é um dos artistas brasileiros a emplacar trilhas em filmes estrangeiros.

Caetano parece conseguir captar a essência do que pode ser entendido como Brasil e transmiti-la ao mundo, de maneira que o exótico não soe caricato e que nossa música gere uma identificação que ultrapassa fronteiras.

O primeiro flerte com o cinema foi com "Alegria, Alegria" na trilha sonora de Viagem ao fim do Mundo (1968), baseado em "Memórias Póstumas de Brás Cubas".

No cinema nacional, o cantor envolveu-se bastante na trilha sonora de Lisbela e o Prisioneiro, A Dama do Lotação, O Quatrilho, Orfeu, O Ano que meus pais sairam de férias, 2 Filhos de Francisco, Ó pai, ó e recentemente em Romance e O Bem Amado, ainda por estrear.

Caetano esteve em trilhas do Almodóvar duas vezes: em A Flor do Meu Segredo com "Tonada de luna llena" e em Fale com Ela com "Cucurrucucú Paloma"

No cinema americano, fez performances em O Alfaiate do Panamá com "Let's Face the Music" em Nacho Libre compondo e cantando "Irene" e na série Six Feet Under.

Seu grande êxito foi sem dúvida, interpretar a canção "Burn it Blue" música tema do filme Frida que concorreu ao Oscar de melhor canção, composta por Elliot Goldenthal e Julie Taymor interpretada em dueto por Caetano e Lilá Downs, que pode-se ver aqui:

anos incríveis
O ROCK NACIONAL



Após o Rock in Rio exibir nosso público jovem em rede nacional, todo mundo virou fã do gênero. Em meio a uma boa fase econômica, começou aquilo que guardamos na memória como Rock Brasil: guitarras na televisão, novas bandas a cada minuto, canções que cantamos até hoje e um baita orgulho de ter menos de 30 anos

Nenhum período do rock nacional foi comparável aos anos 80. A fusão do gênero com a testosterona da nova juventude brasileira formatou uma geração sem precedentes. Roupas extravagantes, danceterias, cabelos fora do usual, prateleiras cheias de novidades, drogas. Todos os ingredientes fundamentais para criar o DNA de um movimento que via no topo das paradas nomes como Capital Inicial, Ultraje a Rigor, Legião Urbana e Paralamas do Sucesso. Das praias do Rio de Janeiro ao concreto de Brasília, passando pela solidão da taciturna São Paulo, não se consumia se nem falava de outra coisa.

Bastava uma guitarra em punhos e falar a linguagem dos jovens para ter suas músicas tocadas em alta rotação nas rádios. “Desenvolvemos uma linguagem pop brasileira fazendo uso do palavrão, recurso importante para quem cresceu sob a ditadura. E criamos uma ponte entre dois mundos”, diria Leo Jaime.

Eram tempos de vacas gordas. O RPM, com seu Rádio Pirata ao Vivo, vendeu mais de 2 milhões de discos. O sucesso do Rock in Rio, o carimbo da Rede Globo (com inúmeras aparições de novos artistas em sua grade), a série Armação Ilimitada e o surgimento do programa Mixto Quente projetaram o rock brasileiro aos céus.

Evandro Mesquita, da Blitz, um dos expoentes desse novo cenário, não economizava as palavras quando o assunto era a importância de sua geração. “Fomos revolucionários.” Paula Toller, do Kid Abelha, banda que vendeu 190 mil exemplares de dois compactos, com as canções “Pintura Íntima” e “Como Eu Quero”, em 1984, ressaltaria anos mais tarde: “Há necessidade de analisar e julgar a produção da época com mais isenção”.

Em 1986, o Capital Inicial, banda egressa da turma de Brasília, acabara de lançar seu primeiro LP, homônimo, com sucessos como “Música Urbana”, “Fátima” e “Veraneio Vascaína”. Superando as perspectivas da gravadora, o debute do Capital bateu os 240 mil discos vendidos um ano depois. A marca tinha um motivo. “Música Urbana” entrou na trilha da novela global Roda de Fogo.

Os Paralamas do Sucesso, banda também de Brasília, mas cooptada pela Cidade Maravilhosa, vinha de um álbum aclamado, O Passo do Lui. Na seqüência veio Selvagem?, rompendo com clichês da new wave e atingindo 700 mil cópias vendidas. Muito diferente dos primeiros tempos, em que precisavam encarar o autoritarismo das gravadoras. “Nos deixamos manipular pelas pessoas da EMI em nosso primeiro álbum, Cinema Mudo (1983)”, confessa Herbert. “Houve imposição de corais, teclados, aquele papo de ‘eu sei o que é bom pra vocês’.” Três anos depois, a banda impunha uma capa em que o irmão do baixista Bi aparecia seminu no meio do mato cobrindo a cintura com uma camiseta imunda. Sinal dos tempos.

Leo Jaime, outro bom vendedor de LPs, também passou por apuros nos estúdios. “Quando eu estava para lançar o segundo disco, Sessão da Tarde (1985), o cara da gravadora bateu lá em casa: ‘Tá uma m****, vamos apagar tudo e gravar outro!’. Eu não topei. Era meio cru, como eu queria. Ameaçaram rasgar o meu contrato, mas acabaram lançando o disco do jeito que estava.” Resultado: 140 mil exemplares nas mãos do seu público. Mais do que estética, essa geração trouxe consigo uma revolução tecnológica aplicada à música. “Houve um salto na técnica de produção, gravação e arranjo. Os artistas da MPB não se preocupavam com isso”, diria Carlos Beni, ex-Kid Abelha.

O Plano Cruzado, anunciado em 28 de fevereiro de 1986 pelo presidente José Sarney, foi de grande ajuda. Esse promoveu uma monstruosa injeção de novos consumidores no mercado. E o rock brasileiro foi tão alto que chegou a faltar vinil para suprir a demanda.

O legado dessa geração é até hoje perceptível. É só ligar o rádio a TV, se conectar à internet. Os anos 80 continuam mais vivos do que nunca.

Fonte: http://super.abril.com.br/cultura/rock-anos-incriveis-445248.shtml
A partir da reportagem de Pedro Só e Jaime Biaggio, revista Bizz de dezembro de 1998.

--

Outros textos bacanas da Superinteressante sobre o pop e o rock no Brasil são:

Pop nacional: A invenção da juventude, por Jamari França

Rock Alternativo: Não, obrigado, por Rodrigo Lariú

7 de jun. de 2010

50 anos de carreira do Tremendão


Na madrugada de sábado para domingo, o programa Altas Horas, comandado por Serginho Groisman, fez uma grande homenagem aos 50 anos de carreira de Erasmo Carlos (que estava completando também 69 anos de idade). O Tremendão recebeu muitos convidados, que cantaram junto com ele, como Wanderléia, Luiz Melodia, Adriana Calcanhoto, Frejat, Paula Toller, Marcelo D2, Sandra de Sá, Marcelo Camelo, Fernanda Abreu e Roberta Sá. Além disso, teve a participação surpresa de Maria Bethânia, que cantou As canções que você fez pra mim e Sentado à beira do caminho. Um dos momentos em que o “gigante gentil” (apelido dado por Rita Lee) ficou mais emocionado.
A maioria das músicas interpretadas durante o programa por Erasmo e seus convidados são composições suas e de Roberto Carlos, parceria que deu origem a aproximadamente 500 canções. Em 2009, Roberto Carlos teve um longo calendário de comemorações e homenagens pelos 50 anos de carreira, e pouco se enfatizou a importância de Erasmo nessa longa trajetória. Assim, nada mais justo do que um programa inteiro em homenagem aos 50 anos de carreira do Tremendão.
Chamam atenção os depoimentos sinceros e afetivos dos cantores-convidados, que ressaltaram a importância de Erasmo para a história da música brasileira. Roberto Frejat e Paula Toller, ícones do rock brasileiro dos anos 1980, destacaram a influência do rock da Jovem Guarda para suas carreiras artísticas. Também é interessante observar as novas parcerias de Erasmo, por exemplo, com Marcelo Camelo e Roberta Sá. As canções de Erasmo e Roberto inspiraram artistas de muitos segmentos de música, como mostra o leque de canções apresentadas no programa.

Assista o programa no youtube (dividido em 13 partes):
http://www.youtube.com/watch?v=ZdJHCN2Ki0g – parte 1
http://www.youtube.com/watch?v=NGNA7Rj0lqE – parte 2
http://www.youtube.com/watch?v=VFGEGHnESJE – parte 3
http://www.youtube.com/watch?v=IdmuYsMxE2Q – parte 4
http://www.youtube.com/watch?v=BANAJZ1e9ko – parte 5
http://www.youtube.com/watch?v=KhIwTaxsW2k – parte 6
http://www.youtube.com/watch?v=pLYaXNwJyII – parte 7
http://www.youtube.com/watch?v=j87NjxGVs1k – parte 8
http://www.youtube.com/watch?v=tUarJLBySc0 – parte 9
http://www.youtube.com/watch?v=F-s6FlmaDrU – parte 10
http://www.youtube.com/watch?v=r6WmO8QhB7k – parte 11
http://www.youtube.com/watch?v=xEY4wUXYbNQ – parte 12
http://www.youtube.com/watch?v=GKZjGjvWm-A – parte 13