31 de mai. de 2010

eu não sou cachorro não
A MÚSICA BREGA

Termo utilizado por muitos, inicialmente de maneira pejorativa, para designar a chamada música romântica popular. A música romântica sempre teve lugar marcante no cancioneiro popular brasileiro, desenvolvida em diferentes gêneros e estilos. A designação "música brega" ganhou força a partir de meados dos anos 1960, quando a música jovem, por um lado, de matriz americana, e por outro, oriunda da classe média estudantil, alcançou cada vez maiores espaços, fazendo com que a música romântica vinda das camadas populares fosse considerada cafona e deselegante. Quanto a seus primórdios, pode-se apontar alguns nomes como precursores da música brega, entre os quais, Orlando Dias, com seu estilo teatral, Silvinho, Carlos Alberto, com seu canto choroso, Cláudio de Barros e Evaldo Braga. No começo dos anos 1970 acentuou-se a diferenciação entre música romântica e música brega. Alguns artistas marcaram a definição do estilo "brega" nesse período, tais como, Waldick Soriano com "Eu não sou cachorro não", Odair José, com "Uma vida só (Pare de tomar a pílula), "Eu vou tirar você desse lugar" e "Mon amour, meu bem, ma femme" e Sidney Magal, com "Sandra Rosa Madalena". Em princípio dos anos 1980 acentuaram-se as misturas entre a música sertaneja, a música pop originária da jovem guarda e outros rítmos como o bolero, tornando a música brega mais difícil de ser conceituada. Novos sucesso como "Fuscão preto", marcaram o estilo. A partir dos anos 1990, uma série de artistas, passaram a se autodesignar bregas, como Reginaldo Rossi, que acabou coroado o "Rei do brega", Falcão e outros. Embora criticada por muitos, a música brega tem alcançado grande aceitação entre as camadas populares, atingindo altos índices de vendagenes com músicas como "Garçon", grande sucesso popular na virada do século.

Fonte: http://www.dicionariompb.com.br/musica-brega/dados-artisticos


Sucesso de norte a sul do país, patrimônio afetivo de grandes contingentes das camadas populares, esta vertente da nossa canção romântica tem sido sistematicamente esquecida pela historiografia da música popular brasileira (ARAÚJO, 2005: 16)


9 de mai. de 2010

viva a tropicália, ia, ia, ia, ia

when they beat
on a broken guitar
and on the streets
they reek of tropical charms
the embassies lie in hideous shards
where tourists snore and decay

when they dance in a reptile blaze
you wear a mask
an equatorial haze
into the past
a colonial maze
where there's no more confetti to throw
- - -
Viva a bossa, sa, sa
Viva a palhoça, ça, ça, ça, ça
Viva a mata, ta, ta
Viva a mulata, ta, ta, ta, ta
Viva Maria, ia, ia
Viva a Bahia, ia, ia, ia, ia
Viva Iracema, ma, ma
Viva Ipanema, ma, ma, ma, ma
Viva a banda, da, da
Carmen Miranda, da, da, da, da

imagem: caetano veloso veste Parangolé P4 Capa 1, de Hélio Oiticica em foto de geraldo viola imagem capa da obra de referência sobre a tropicália, o livro Tropicália: a revolution in brazilian culture, organizado por Carlos Basualdo, feita como catálogo para a exposição de mesmo nome.
versos: excertos das músicas tropicalia, do cantor americano beck, e tropicália de caetano veloso

Concluindo nossas reflexões, pesquisas e desdobramentos sobre toda a tropicália em nossa disciplina de 'mpb'*, disponibilizamos - como de costume neste nosso blog - alguns links e vídeos interessantíssimos ao Nosso aprofundamento quanto a todo este movimento.


Indicado a nós pelo nosso colega Pedro, este é o curta-metragem Os Mutantes, dirigido por Antonio Carlos da Fontoura em 1970 e de linguagem totalmente tropicalista;

Sugestão de nosso colega Ícaro, este é o trecho de uma entrevista à Globo News em que Rita lLe comenta sua saída dos Mutantes e fala um pouco sobre as influências da banda e sua inserção no movimento tropicalista (trecho 2/3 da entrevista)
link para o trecho 1/3 desta entrevista
link para o trecho 3/3 desta entrevista

Tom Zé fala sobre Rita em conteúdo extra do dvd "Ovelha Negra" da série "Biograffiti";

Tom Zé sobre a bossa nova e a incorporação da guitarra na música brasileira em entrevista para a Trama Virtual;

| + tom zé | "Plágio" de Chopin
| + tom zé | Sobre a segregação feminina
| + tom zé | Entrevista com Boris Casoy
| + tom zé | Campanha para economia de energia
| + tom zé | videoclipe de taka-tá, música do álbum DANÇ-ÊH-SÁ de 2006
estes vídeos de Tom Zé - sugestões dos alunos Débora e Renato.


Spoof produzido por jovens norte americanos, para a música 'tropicalia' do cantor beck, utilizando uma linguagem e referenciais bastante próximos à uma abordagem tropicalista;


imagem:| festa de lançamento do disco-manifesto no Avenida Danças, em São Paulo, 12 de agosto de 1968 à frente da orquestra da casa, gal, nara, rogério duprat (de costas), caetano, gil e os mutantes na platéia, os jornalistas alberto helena jr. (de óculos) e chico de assis.


7 de mai. de 2010

uma revolução na cultura brasileira
TROPICÁLIA




"No início há uma palavra, Tropicália, e um encontro mítico: Hélio Oiticica e Caetano Veloso. O ano é 1967. Oiticica era um agente provocador das artes brasileiras e Caetano, um cantor jovem disposto a pôr suas idéias em circulação. Em abril, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro recebia a exposição Nova Objetividade Brasileira, e nela Oiticica apresentava a instalação Tropicália, um ambiente em forma de l abirinto com p lantas, areia, araras, um aparelho de TV e capas de Parangolé (um tipo de obra de arte feita para ser usada como roupa). Depois de "Tropicália, a obra", surge "Tropicália, a música". "Ouvi primeiro o nome Tropicália, sugerido como título para minha canção, do cineasta Luís Carlos Barreto, que me ouviu cantá-la em São Paulo e se lembrou do trabalho de um tal Hélio Oiticica. Resisti a pôr em minha música o nome da obra de um cara que eu nem conhecia", lembra Caetano Veloso. Depois da canção, "Tropicália, o disco". Lançado em 1968, o LP Tropicália: ou Panis et Circenses reúne Gilberto Gil, Caetano, Tom Zé, Gal Costa, Os Mutantes e Nara Leão. Tropicália foi ainda a moda colorida, um jeito feliz de namorar e um programa de domingo pela televisão. Surgia, assim, "Tropicália, o movimento".

A história continua, 40 anos depois, com "Tropicália, a exposição". Tropicália Uma Revolução na Cultura Brasileira (1967-1972) chega ao Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (o mesmo onde Hélio Oiticica, morto em 1980, aos 43 anos, exibiu sua obra fundadora) neste mês, após ter passado pelos Estados Unidos, Alemanha e Inglaterra. A exposição foi elaborada pelo Museu de Arte Contemporânea de Chicago e o Museu do Bronx, de Nova York, na esteira da redescoberta do trabalho e do pensamento de Oiticica a partir de meados da década passada. Os tropicalistas brasileiros conseguiram algo raro e poderoso na cultura: uma inesperada trapaça com o tempo. Hoje, a Tropicália interessa ao mundo. Do mesmo modo que Marcel Duchamp faz mais sentido para a arte agora do que Pablo Picasso (com sua concepção de que uma idéia é já uma criação artística), o Tropicalismo ganha neste início de século um caráter mundial. Mas o que aconteceu para que algo tão brasileiro passasse a ser tão sedutor? (...)"
(excerto da matéria "Tropicália - O Movimento que Não Terminou ", por Marcelo Rezende publicada na Revista Bravo)

imagem superior: foto registrada por uma jovem canadense - na obra 'Éden' de Hélio Oiticica em sua visita a exposição 'Tropicalia' em Londres - e publicada em um de seus álbuns em seu flickr  (uma pena... na montagem brasileira, ao contrário da londrina, da alemã e da norte americana, não é permitido fotografar!)



fotografia das obras "Tropicália" (à frente da cerca de palha) e "Éden" (atrás da cerca de palha) de Hélio Oiticica




Mutantes, interpretando a canção "Panis et Circenses" em 1969 na Tv Cultura.

Vídeo do cantor e compositor estado-unidense Beck, interpretando sua canção "Tropicália" ao vivo em um show em Lisboa.

Vídeo/Spoof entitulado "Tropicália" captado, editado e publicado por uma jovem francesa feito com imagens de uma viagem por uma região dos estados unidos junto a sua família na qual a música "A Minha Menina" dos Mutantes é utilizada na trilha. "Listening good music!"


"Eu é que inventei. Depois o Caetano, que eu nem conhecia, fez a música e o nome ficou conhecido. De modo que eu inventei a Tropicália e eles inventaram o Tropicalismo."
Hélio Oiticica


Fotografia da obra de Lygia Pape, "Roda de Prazeres" de 1968, registrada pela mesma jovem canadense citada acima em sua visita a exposição "Tropicália - A Revolution in Brazilian Culture" em Londres


+ Visite a exposição virtual com obras da Tropicália  organizada e disponibilizada pelo site da revista Bravo
Aqui, link para o site sobre o movimento tropicalista que o uol possui



+ Site do museu londrino Barbican, para a exposição "tropicália - a revolution in brazilian culture "
+ Albuns dipoiníveis no flickr com fotos feitas por norte americanos e europeus em diferentes montagens desta exposição álbum 1 álbum 2  / álbum 3 

3 de mai. de 2010

é proibido proibir
TROPICÁLIA



O Tropicalismo foi um movimento de ruptura que sacudiu o ambiente da música popular e da cultura brasileira entre 1967 e 1968. Seus participantes formaram um grande coletivo, cujos destaques foram os cantores-compositores Caetano Veloso e Gilberto Gil, além das participações da cantora Gal Costa e do cantor-compositor Tom Zé, da banda Mutantes, e do maestro Rogério Duprat. A cantora Nara Leão e os letristas José Carlos Capinan e Torquato Neto completaram o grupo, que teve também o artista gráfico, compositor e poeta Rogério Duarte como um de seus principais mentores intelectuais.

Os tropicalistas deram um histórico passo à frente no meio musical brasileiro. A música brasileira pós-Bossa Nova e a definição da “qualidade musical” no País estavam cada vez mais dominadas pelas posições tradicionais ou nacionalistas de movimentos ligados à esquerda. Contra essas tendências, o grupo baiano e seus colaboradores procuram universalizar a linguagem da MPB, incorporando elementos da cultura jovem mundial, como o rock, a psicodelia e a guitarra elétrica. Ao mesmo tempo, sintonizaram a eletricidade com as informações da vanguarda erudita por meio dos inovadores arranjos de maestros como Rogério Duprat, Júlio Medaglia e Damiano Cozzela. Ao unir o popular, o pop e o experimentalismo estético, as idéias tropicalistas acabaram impulsionando a modernização não só da música, mas da própria cultura nacional.

Seguindo a melhor das tradições dos grandes compositores da Bossa Nova e incorporando novas informações e referências de seu tempo, o Tropicalismo renovou radicalmente a letra de música. Letristas e poetas, Torquato Neto e Capinan compuseram com Gilberto Gil e Caetano Veloso trabalhos cuja complexidade e qualidade foram marcantes para diferentes gerações. Os diálogos com obras literárias como as de Oswald de Andrade ou dos poetas concretistas elevaram algumas composições tropicalistas ao status de poesia. Suas canções compunham um quadro crítico e complexo do País – uma conjunção do Brasil arcaico e suas tradições, do Brasil moderno e sua cultura de massa e até de um Brasil futurista, com astronautas e discos voadores. Elas sofisticaram o repertório de nossa música popular, instaurando em discos comerciais procedimentos e questões até então associados apenas ao campo das vanguardas conceituais.

Sincrético e inovador, aberto e incorporador, o Tropicalismo misturou rock mais bossa nova, mais samba, mais rumba, mais bolero, mais baião. Sua atuação quebrou as rígidas barreiras que permaneciam no País. Pop x folclore. Alta cultura x cultura de massas. Tradição x vanguarda. Essa ruptura estratégica aprofundou o contato com formas populares ao mesmo tempo em que assumiu atitudes experimentais para a época.

Discos antológicos foram produzidos, como a obra coletiva Tropicália ou Panis et Circensis e os primeiros discos de Caetano Veloso e Gilberto Gil. Enquanto Caetano entra em estúdio ao lado dos maestros Júlio Medaglia e Damiano Cozzela, Gil grava seu disco com os arranjos de Rogério Duprat e da banda os Mutantes. Nesses discos, se registrariam vários clássicos, como as canções-manifesto “Tropicália” (Caetano) e “Geléia Geral” (Gil e Torquato). A televisão foi outro meio fundamental de atuação do grupo – principalmente os festivais de música popular da época. A eclosão do movimento deu-se com as ruidosas apresentações, em arranjos eletrificados, da marcha “Alegria, alegria”, de Caetano, e da cantiga de capoeira “Domingo no parque”, de Gilberto Gil, no III Festival de MPB da TV Record, em 1967.

Irreverente, a Tropicália transformou os critérios de gosto vigentes, não só quanto à música e à política, mas também à moral e ao comportamento, ao corpo, ao sexo e ao vestuário. A contracultura hippie foi assimilada, com a adoção da moda dos cabelos longos encaracolados e das roupas escandalosamente coloridas.

O movimento, libertário por excelência, durou pouco mais de um ano e acabou reprimido pelo governo militar. Seu fim começou com a prisão de Gil e Caetano, em dezembro de 1968. A cultura do País, porém, já estava marcada para sempre pela descoberta da modernidade e dos trópicos.

Isso e muito mais aqui: http://tropicalia.uol.com.br/