5 de abr. de 2010

música e preconceito
BOM OU MAU GOSTO?

A Paula Gabriela sugeriu uma matéria da Revista da Cultura que discute mau gosto X bom gosto na MPB, "verdades" universais e discurso vigente, cultura, identidade e preconceitos. Afinal, que "mau gosto" é esse?


por Pedro Alexandre Sanches


Baião, xote, xaxado. Lamê, cafona, brega. Axé, lambada, c ar imbó. Jovem Guarda, iê-iê-iê, canção romântica. Samba de morro, samba joia, partido alto, pagode. Música caipira e sertaneja, guarânia e vanerão. Canção de protesto. Pop. Heavy metal, rock progressivo, emo. House, tecno, electro. Tecnobrega, forró, funk carioca, rap. Cada um desses gêneros musicais tem seguidores aos milhões, mas também tem de enfrentar exércitos às vezes reduzidos, mas sempre barulhentos, de detratores.

Em sua maioria, desperta ódio especial junto a consumidores tidos como cultos, intelectuais, críticos, formadores de opinião. Esses trazem sempre na cartola o argumento de preferir música dita fina, refinada, sofisticada, mas tampouco seus gêneros prediletos se safam de outros tipos de muxoxos, narizes torcidos e intolerâncias. Música erudita. Jazz. Blues. Bossa nova. Clube da esquina. MPB. Supostamente, estamos falando de estética, das distinções entre o que se entende como música “de qualidade” e “sem qualidade”, “boa” e “ruim”, de “bom gosto” e “mau gosto”. A zona fronteiriça entre os dois extremos é frequentemente nebulosa, pantanosa e fugidia, daquelas de atolar em areia movediça quem exiba muita certeza sobre onde está pisando. Ainda assim, há sempre alguém disposto a decretar, pronta e despoticamente: “Brega é lixo”, “música caipira não presta”, “iê-iê-iê é uma porcaria”.

Atrás das cortinas do “bom gosto” e do “mau gosto”, esconde-se um bichinho do qual em geral preferimos fugir a 120, 150, 200 quilômetros por hora e que atende pelo nome de preconceito. Será que eu desprezo o axé porque é péssimo ou porque desejo me manter bem distante dos baianos periféricos, pobres e pretos que o inventaram? Você detesta os emos porque fazem rock muito pauleira ou porque não se dá bem com seus figurinos esquisitões, soturnos, sexualmente indefinidos? É ficar entre uma coisa ou outra, indubitavelmente? Ou a repulsa (extra) musical nasce de uma gororoba mista disso tudo?

Pra ler a matéria na íntegra, é melhor seguir o link:
http://www2.livrariacultura.com.br/culturanews/rc32/index2.asp?page=capa

Um comentário:

Theo Fagundes disse...

Olá !! O assunto sobre o qual escreveu tem sido elemento de muita angústia e pesquisa, de minha parte, nos últimos meses. Gostei de seu texto, mesmo discordando um pouco quando em algumas vezes toma um viés de ressentimento "sociológico" (é o que me parece). Te deixo ,logo abaixo, o link de um texto sobre o mesmo "problema", que escrevi no início desse ano. Leia lá, por favor, e comente...! Me ajude a juntar os retalhos dessa "colcha".
Abração...!

P.S.: Procure , se possível, pesquisar algo sobre "etnomusicologia". Estou certo que lhe interessará...!

http://amadoteo.blogspot.com/2011/02/sobre-musica-algumas-consideracoes.html