BOSSA NOVA
Bossa nova se refere ao movimento da música popular brasileira que se inicia no Brasil no fim da década de 50 e propunha um novo modo de se tocar samba, associado principalmente aos estilos de João Gilberto, Tom Jobim e Vinicius de Moraes. A Bossa Nova hoje em dia é um dos gêneros musicais brasileiros mais conhecidos em todo o mundo.
CRÍTICA CULTURAL
A critica cultural se apresenta hoje como a entidade mediadora das relações do meio artístico. No caso da esfera musical, seja entre o músico e o público ou entre o músico e as gravadoras, casas de shows, etc. O crítico detém o capital cultural que lhe permite fazer o juízo de valor que pode legitimar ou não um certo movimento musical ou artista específico. O crítico de um grande veículo de comunicação tem a sua fala validada e é, desse modo, capaz de contribuir para a manutenção de um discurso e produzir sentido. A palavra da crítica não é determinante pois não pode garantir o sucesso comercial de um artista mas ainda assim é um instrumento poderoso de afirmação do que é se é considerado bom.
Hoje a bossa nova é quase universalmente reconhecida como uma das manifestações mais altas da cultura brasileira. Um disco como 'Chega de Saudade' é pelo menos tão importante quanto qualquer outra obra de arte da mesma época. (Antonio Cícero. Notas sobre Vinicius de Moraes. Caderno Ilustrada. Folha de São Paulo. 9 agosto 2008)
A Bossa Nova aparece hoje como o parâmetro no qual todas as outras manifestações da Música Popular Brasileira são comparadas. Atrelada sempre a um ideal de bom gosto, o movimento atingiu o patamar de "alta cultura".
Não se menciona novos artistas do gênero. A cena musical recente pode ter a Bossa Nova como influência, propôr releituras, mas o cânone já está estabelecido. A aura da Bossa Nova é intimamente ligada a um sentimento de nostalgia. As matérias retomam os "grandes mestres" do passado, mencionam a criação do movimento e seus precursores e o jornalista invariavelmente apresenta um tom honroso como que prestando respeito aos clássicos da música brasileira.
A admiração pela Bossa Nova por parte da crítica fica evidente nas notícias sobre João Gilberto que foram veiculadas na época em que o cantor se apresentou ao vivo depois de 5 anos sem subir nos palcos. Na reportagem "Vizinha gosta do cantor, mas nunca o viu", de Caio Jobim (Folha de São Paulo, 14 agosto 2008), João Gilberto é retratado como um sujeito recluso e anti-social, mas ao fim da matéria Jobim afirma: "Um segurança que trabalha cuidando das lojas perto do prédio do cantor afirma que 'tudo que envolve ele é meio estranho'. Assim como, há 50 anos, muitos estranharam a música do cantor de voz contida e violão sincopado que firmou as bases da bossa nova". O comportamento excêntrico de João Gilberto aqui é visto como mal interpretado e é justificado a partir do exemplo de sua própria obra uma vez que esta já possui a qualidade de legítimo. E em uma esfera social em que esquisitice transcreve singularidade e originalidade, João Gilberto é elevado, para além da sua música, ao nível de gênio incompreendido.
O elogio ao movimento musical também pode ser percebido na Folha de São Paulo quando no segundo semestre de 2008 o jornal lança a Coleção Folha 50 Anos de Bossa Nova. A compilação composta por 20 livros-CDs se propõe a fazer um panorama do movimento e seus principais expoentes, tem função de comemorar o momento histórico em que o estilo musical surge e de instruir e angariar novos admiradores. É um movimento que torna a Bossa Nova ainda mais célebre.
(link alternativo para matéria de Caio Jobim)
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